Arquivo de Agosto, 2011

Vegetarianos tem mais é que pastar!

  Tem muita gente falando sobre crueldade com os animais. Concordo que isto existe, já vi alguns vídeos que me fazem não desejar nascer uma galinha, nem que seja a dos ovos de ouro. Cavalos mutilados, coelhos decapitados, enfim, a lista de atrocidades é longa, entretanto não podemos esquecer que algumas crueldades estão diretamente ligadas a nossa opção pela vida urbana: carne congelada, fast food, churrasco, remédios, computador, sapatos, sabonete, energia elétrica, travesseiro, canetas, livros, filmes, papel higiênico… tudo isto tem, em algum ponto de sua cadeia produtiva, a força ou a vida de um animal, e não estou falando destes bípedes comuns que usam o papel higiênico e assistem A Fazenda… se insistimos em levar uma vida urbana, teremos que sacrificar animais, usa-los como cobaia… ou você acha que a cerveja nunca foi testada em animais?
Repito, sou contra algumas atrocidades, coisas desnecessárias, como rodeio, provas de aptidão pra cowboy brasileiro de marlboro e fivela de “oro”, mas este papo de sacrificar animais… a esta hora tem um monte de animais sendo mortos de maneira crudelíssima, sendo comidos vivos, mutilados, decapitados, tendo ossos quebrados, sendo sufocados, queimados, envenenados, animais adultos, velhos, bebezinhos… e não estão sendo mortos por nós seres humanos, mas pelos seus próprios pares. Todo dia uma gazela é comida VIVA, a coitada ainda esperneia enquanto um leão limpa a boca satisfeito. Muita gente adora ver vídeos da vida selvagem, um guepardo saltando na bunda da zebra e abatendo-a, viva, ela ainda se estrebucha enquanto o guepardo saboreia o primeiro naco de pernil.
Pode apostar que se o touro aí da foto pudesse escolher entre ser devorado na selva ou ter um peaozinho em seu lombo por oito segundos, e no mais ser tratado como rei, ele escolheria a segunda opção, mesmo que isto envolvesse crueldades maiores como por exemplo ficar exposto a musica de Zeze Di Camargo e seu irmão bocó.
Se não queremos nos responsabilizar por crueldades, o melhor a fazer é voltar pras cavernas, sem computador, antibióticos, papel higiênico, miojo… se bem que, uma vez na caverna, estaríamos interferindo em seu bio sistema, trazendo e eliminando bactérias, que também merecem viver… se o Zé Dirceu merece… então, acho que se é pra respeitar MESMO a espécie animal, o melhor a fazer é sairmos de cena: AGORA. alguém se habilita? ou vamos esquecer este negócio e pedir mais uma cervejinha?

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DESACATO – Marcio Americo – stand up

Marcio Americo – stand up comedy

Conversei com amigos que produzem meu material grafico e finalmente chegamos num consenso, este é o cartaz que eu sempre quis.

O cartaz alem de passar a idéia de Desacato, de alguem que está dizendo ou fazendo algo fora do comum, que pode ser pego a qualquer momento, passa a idéia de cult. O cartaz foi feito em cima da imagem do famoso album dos Bealtes, Abbey Road, onde os 4 garotos de Liverpool caminham sobre a faixa de pedestre da rua que dá nome ao disco.

A arte redesenhada foi “retirada”  de um wallpaper dos Simpsons.

Para contratar o show Desacato entre em contato com minha produção (43) 3328 6116  –  9944  4383

ou produca@marcioamerico.com.br

Stand up em Apucarana

Muito boa a apresentação em Apucarana, o grupo formado pelo meu amigo Fernando Borghi vem dando muito certo, com a presença de um público numeroso e de alta qualidade.

Nesta edição participei como convidado junto com o comediante Richard Godoy.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marcio Americo, Richard Godoy e Fernando Borghi

 

TODOS QUEREM SER SIDNEY MAGAL

Naquele dia de Outubro de 1976 assistia a mais um episódio de “A Corrida Maluca”, um episódio especial, aquele em que tudo indicava que Dick Vigarista seria campeão, pois através de seus planos mirabolantes já havia eliminado a maioria dos concorrentes, restando apenas o Barão Vermelho e o Cupê Mal Assombrado. De repente, olho para porta da sala e vejo uma cabeça de cabelo raspado, perebas no canto da boca: era o Barriguinha, meu vizinho, aquele viado me devia 14 figurinhas do álbum Disney e não me pagava, assim ignorei-o solenemente.
– Beto, posso entrar?
– Trouxe as figurinhas?
Ele estava a fim de ver tv em minha casa. Ele estava de castigo. Foi condenado a uma semana inteira sem ver tv, um verdadeiro martírio para qualquer moleque de nossa época.
– Não, mas tenho uma coisa melhor.
Levantei-me, fui até a porta, ciente que jamais saberia o final daquele episódio.
– Fala!
– Quer ver minha irmã pelada?
A pergunta quase me derruba no sofá, tive que abrir melhor as orelhas pra entender direito o que ele falou:
– Você perguntou se eu quero ver tua irmã pelada? Sem roupa?
– É, quer ver minha irmã pelada?
A irmã do Barriguinha era a Soninha, a mais gostosa da rua. Soninha tinha 16 anos, para nós moleques de 11, era uma mulher formada, a musa de nossas quase punhetas. Todo moleque da rua imaginava como seria a Soninha pelada. Só imaginávamos esta parte, a Soninha pelada, não tínhamos material biográfico suficiente pra imaginar o resto.
– Como é que eu vou ver sua irmã pelada?
– Na hora do banho. Fiz um buraquinho lá no banheiro da área. Vou começar a cobrar 10 figurinhas pra quem quiser ver. 10 figurinhas por música.
– Por música? Você esta alugando tua irmã ou o toca-discos?
– Peraí. Eu explico. A Soninha sempre que vai tomar banho coloca o disco do Sidney Magal pra ouvir, ouve inteiro, quando tá na última música ela sai. Não falha. Já inspecionei. Então, para cada faixa eu cobro 10 figurinhas, mas você eu deixo ouvir o disco todo…
Era uma boa proposta, afinal de contas um LP tinha 12 músicas, ou seja, para ver o banho completo da Soninha eu teria que morrer com 120 figurinhas, era mais que o álbum completo.
– Não me parece muito lucrativo!
– Deixo você ver sozinho! Sem fila, exclusivo.
– Vou pensar.
– Vamos fazer assim, amanhã, na hora em que você ouvir o disco do Magal, pula a cerca e vai pra casa, vou deixar tudo pronto, tem até um banquinho, se você não aparecer na primeira música, passo a vez.
No dia seguinte, estava vendo TV: Os Apuros de Penélope, aquele episódio em que ela está pra descobrir que Silvestre Soluço é na verdade Tião Gavião, quando ouço:
Todo, todo teu, minha, toda minha,
Juntos, esta noite, quero te dar todo meu amor,
ah! Eu te amo, ah! Eu te amo meu amor…
O meu sangue ferve por você…
Era Sidney Magal me convidando para evoluir em minha caminhada como homem sobre a terra. O Magal, ou melhor, o dever me chama.
Pulei a cerca, quintal vazio, lá do portão Barriguinha fez positivo com seu dedão magro e de unhas compridas e sujas. Circundei o banheiro de madeira que ficava na área, fui lá atrás, mesmo dali era possível ouvir nitidamente Magal cantando e a água caindo sobre o corpo de Soninha, em alguns momentos parecia que ela estava tomando banho com o próprio Magal em pessoa, cheguei a cogitar desistir diante da possibilidade de, ao invés de ver Soninha, ver o Magal peladão.
Meto a cara na parede, um vulto, foco, agora sim… as costas da Soninha, molhada, ela passa uma escova, as mãos, sinto um frio na barriga, que costas… que costas… ela vai ser virar, me preparo, ela faz um giro lento, mas está com as mãos em cima dos peitos, está lavando aquilo tudo… parece que vi uma teta… Soninha, meu amor, eu quero me casar com você! Magal continuava:

É a cigana Sandra Rosa Madalena
É a mulher com quem eu vivo a sonhar
Quero vê-la sorrir Quero vê-la cantar Quero ver o teu corpo Dançar sem parar!

– Betooooooooooooooooooooooo! _ minha mãe.
Corri pra casa, o coração na boca. Mais uma noite sonhando com a Soninha. Mas agora com mais subsídios, já sabia como era as costas dela, sua bunda, seus peitões… oh! Deus!
No outro dia, lá estava eu no buraco novamente, já sabia as quatro primeiras músicas de cor, mas para ver tudo eu precisaria ouvir o disco todo, decorar música por música.

A moça já não sorri
nem mostra o seu coração
passam em silêncio as horas
só com sua solidão
a moça não diz, mas nada
quer ocultar sua dor
não quer mostrar a ferida
ferida feita de amor…

Magal e Soninha, que dupla!
Soninha raspa a perna com um aparelho de barbear… .ah! Então é por isto que as pernas dela são tão lisinhas? Vejo seu perfil… Ah! Soninha! vá mais pra lá, me deixa ver tudo, me deixa botar a mão aí, nem que seja nesta bucha vegetal que você usa, me dê esta porra desta bucha e a como com manteiga no café da manhã ouvindo Magal…
Mais um dia, o último dia de Soninha. Agora eu veria finalmente o que eu não tinha visto a semana toda, ela saindo do banho, o momento em que ela se afastaria do chuveiro me permitindo vê-la de corpo todo, de frente.

Se te agarro com outro te mato
te mando algumas flores e depois escapo…

Eu já sabia o LP de cor e salteado, cada introdução, cada pausa, cada arranjo… todos mais ou menos iguais, mas cada um embalando um pedaço de Soninha, o LP era como um quebra-cabeças, uma referência anatômica de Soninha: faixa 1 costas, faixa 2 barriguinha e braços, faixa 4 peitos e mãos em close….mas naquela tarde, ouvindo a última faixa eu vi, ela ficou de frente, parecia que me olhava, fixei o olhar entre suas pernas e lá estava aquele monte de pêlos, pêlos amarelos… Não conseguia tirar o olhar dali… Então era assim o negócio? Como será que ela mijava? Talvez um próximo LP… e foi assim que durante uma semana, ouvindo meticulosamente o LP Magal de 1976, lançado pela Polydor, é que descobri a mulher, ou melhor, a Soninha!
Hoje em dia isto tem me gerado alguns constrangimentos, sempre preciso explicar melhor quando fico de pau duro ao ouvir Sidney Magal.